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domingo, 15 de dezembro de 2013

Uma canção de rádio


À Ielon Gustavo

Pelo rádio aprendi uma estória de um homem varonil
Amargo e opaco, sorrir é sua principal função social
Ao alimentar seus gatos gera proles sadias
Utopia que arruína o combate ao imaginário pagão.

Em encontros revela hábitos considerados virilizantes
Seus flertes não oferecem recursos ao egoísmo
Vive no álcool imensa diversão do espírito
Como se colocasse orgulho sem limites nos tragos.

Enquanto caminha com passos libertinos
Pululam nos sapatos cores celibatárias
De uranistas com incapacidade acentuada para adaptar-se à norma
Moradores de territórios de proezas e exotismo.

A imagem de desquitado oblitera uma realidade sensível
Cordial ou branda a repressão do ócio é figura da vadiagem.
Quando a rua se torna um carnaval lascivo
Devemos considerar a racialização do sexo?

Tem na forma de tratar um paradigma legítimo
O abraço prodigioso não coloca o outro como subalterno
Se a natureza lhe permite ações machistas e misóginas
É porque recorres a mecenas que lhe garante prestígio e proteção.


Isaac Medeiros
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O trabalho Uma canção de rádio de Isaac Medeiros está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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domingo, 8 de dezembro de 2013

As lições nebulosas existem


Se todos os sentidos do corpo indicam o que os afeta,
ignoro o que mais se possa exigir deles.
Agostinho.

Pela manhã tua boca fala com a desenvoltura de quem canta
Por isso o abraço aponta onde estão as obras do corpo
Do ponto de vista da gratidão estamos estagnados
Durante os segundos que explicam estratégias de concretização
Houve um entrave, sob pena de prejudicar nosso processo evolutivo.

Não sonho criar mecanismos de financiamento e de acesso à beleza
É uma questão de definir padrões e reconhecer sistemas
Ainda precisamos urgentemente conhecer a si próprio
Podemos pensar em outros insumos voltados para a satisfação da alma
Mas os espíritos vulneráveis em relação ao sofrimento estão na ociosidade.

Somente à tarde sinto o vento de nossa janela demográfica
Você tem a cultura de responsabilizar a razão pela falta de preparo
A solidez capaz de suplantar o caráter transitório
E equitativo de sentir a ausência do silêncio
Impera o direito de intervir nos valores hegemônicos.

Não suponho que a fronteira entre o necessário e o possuído
Hoje fique mais tênue ou as contradições menos exacerbadas
Mediante a ampliação do desespero único no teu inferno
Seco e processual também passaram a ser interpretado de outra forma
Um lar onde realidade e linguagem não se prendem.


Isaac Medeiros.
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